Segundo o juiz Fábio Mendes Ferreira o valor da multa corresponde “aos custos, despesas processuais e honorários advocatícios, em 15% do valor da causa”. Tal condenação é mais um exemplo da inexistência de democracia e autonomia nas universidades brasileiras, onde a justa luta dos estudantes em defesa da educação pública é tratada como crime pelas reitorias e pelo Estado.
A absurda condenação destes nove estudantes é mais uma resposta do Estado brasileiro ao crescimento da luta estudantil. A estes nove companheiros somam-se centenas de estudantes processados e condenados pelo simples fato de não aceitar a destruição do ensino público em nosso país.
Enquanto reitores e a burocracia dirigente nas universidades saem sempre ilesos e nunca são condenados, mesmo quando comprovadamente envolvidos em todo tipo de esquemas de corrupção (para ficar em dois exemplos o caso da UNB em 2007 e da UNIFESP em 2008), para os estudantes, a participação em qualquer mobilização já é o suficiente para o desencadeamento da mais sórdida campanha de criminalização, por parte das reitorias associadas ao Estado.
Opor à campanha fascista de criminalização da luta estudantil uma grande campanha de denúncia política e solidariedade aos estudantes processados e condenados, somando forças junto aos professores, funcionários técnico-administrati vos e todos os setores democráticos da universidade é uma importante tarefa do movimento estudantil independente do governo e de partidos eleitoreiros.
Esta universidade que criminaliza, pune e constrange os estudantes e ativistas que lutam para defender seu caráter público e gratuito, e para defender um ensino que verdadeiramente sirva ao povo, esta é a Universidade dos “sonhos” da classe dominante, a universidade de um país semicolonial e semifeudal. Só que os governantes de plantão e os tecnocratas que as dirigem se esquecem sempre de incluir em seus cálculos o povo, a juventude que constrói em suas próprias assembléias, manifestações, ocupações, a autêntica democracia na universidade.
É neste sentido que, ao tentar intimidar o caminho democrático com todo tipo de artimanhas e obscurantismo como esse que agora denunciamos, esses senhores acabam fazendo com que o tiro saia pela culatra: longe de arrefecer o ânimo dos estudantes, condenações como essa só os fazem mais conscientes de que não se pode ter ilusão a respeito da “democracia” na universidade, ou da “imparcialidade” da Justiça: fatos como esse deixam claro que a vitória do caminho democrático nas universidades não se dará dentro de seus gabinetes ou em corredores de fóruns senão que somente na mobilização, nas ruas, na luta. E é para esses combates que os estudantes brasileiros em novas e cada vez maiores ondas se levantarão, com a nítida segurança de quem sabe exatamente com quem se aliar e contra quem pelejar.